Como fica o Agronegócio em meio a Pandemia da COVID-19?

A cidade de Nova York, atual epicentro da pandemia, está tendo, desde fevereiro, no Museu Guggenheim, uma amostra chamada “Countryside, the future”. Ali, por meio de fotografias, painéis eletrônicos de projeção de imagens, equipamentos agrícolas e esculturas robóticas, entre outros, são apresentados os desafios de quem vive no campo e produz soluções inovadoras.

O objetivo da mostra é retratar como o campo mudou para atender às demandas das populações que vivem na cidade. É uma quebra de paradigma para aqueles que acreditam que no campo as coisas acontecem devagar.

Não há dúvidas de que as cidades se modificaram muito nos últimos tempos, mas o campo não passou incólume a essas mudanças. A nova forma de vida urbana exigiu agilidade e flexibilidade dos produtores rurais na busca por automação e tecnologia.

Agrotechs ou Startups do Agro são hoje responsáveis por grande parte do trabalho realizado no campo, graças ao uso de inteligência artificial, engenharia genética, robótica, armazenamento de dados, ferramentas de gestão entre outras tecnologias voltadas para otimizar o tempo e auxiliar no trabalho de quem produz.

Pois bem, a cidade mudou e o campo precisou mudar também. Hoje, os maiores centros urbanos enfrentam uma pandemia e os reflexos disso também serão observados no campo.

Em um mundo globalizado, em que todas as cadeias produtivas estão conectadas, a interdependência entre o campo e a cidade se torna cada vez mais evidente.

Não há como atravessar esse momento sem essa consciência.

O Agronegócio faz parte de inúmeras dessas cadeias, depende do fornecimento de insumos, peças, máquinas, equipamentos industriais, dentre outros e, portanto, seja pela valorização do dólar frente ao real, pela variação do preço do barril de petróleo, queda das bolsas de valores ao redor do mundo, alteração de fluxo comercial entre países importadores e exportadores, medidas protecionistas com relação aos produtos de maior custo de produção ou por problemas de logística na distribuição, será afetado também.

Por óbvio, algumas culturas se beneficiam com o momento enquanto outras perecem, mas todas, sem exceção, de alguma forma ou em algum grau sofrerão com os reflexos da Covid-19.

Diante desse cenário e na tentativa de reduzir os prejuízos causados pela pandemia, especialmente em algumas culturas, o Governo Federal adotou medidas, válidas para todo o país.

São elas:

  • Prorrogação de dívidas de custeio e investimento (vencidas e não pagas e vincendas) de todos os produtores, até o dia 15 de agosto de 2020, com a manutenção das taxas de juros originais da operação;
  • Abertura de linha de crédito emergencial para pequenos produtores do Pronaf (principalmente os de flores, hortifrútis, leite, aquicultura e pesca), com limite de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por produtor, taxa de juros de 4,6% ao ano, prazo de pagamento de três anos, incluindo um de carência e contratação da linha de crédito até 30 de junho de 2020;
  • Abertura de linha de crédito emergencial para médios produtores do Pronamp (principalmente os de flores, hortifrútis, leite, aquicultura e pesca), com limite de até R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) por produtor, taxa de juros de 6% ao ano, prazo de pagamento de três anos, incluindo um de carência e contratação da linha de crédito até 30 de junho de 2020;
  • Autorização do financiamento (estocagem e comercialização) para cooperativas, cerealistas e agroindústrias no valor de até R$ 65 milhões por tomador/beneficiário, por meio do Financiamento para Garantia de Preços ao Produtor (FGPP), com taxas de juros de 6% ao ano para cooperativas de agricultores familiares e 8% ao ano para as demais empresas, prazo de pagamento de 240 dias e contratação do financiamento até 30 de junho de 2020.

Com essas medidas, o Governo busca permitir que os produtores mais afetados tenham maior prazo e liquidez para honrar com os seus compromissos.

Também, objetivando minimizar os impactos da pandemia na produção e no abastecimento à população, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, por meio da portaria nº. 123, publicada no último dia 31 de março no Diário Oficial da União, instituiu o Comitê de Crise (CC AGRO-COVID19) para monitorar os impactos da Covid-19 na produção agrícola e propor estratégias

A ideia é que o Comitê, formado por integrantes de secretarias do Ministério, além da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), promova a interlocução com órgãos do governo federal, de estados e municípios, bem como auxilie com subsídios para a tomada de decisões.

Por meio da análise de questões de produção, mercado, infraestrutura e da projeção de cenários, é esperado que o Comitê possa propor não apenas soluções de curto prazo, que contribuam para a manutenção do abastecimento em todo o país, mas também soluções de ajuste estrutural a médio e longo prazo, que minimizem os possíveis impactos nos sistemas produtivos, mercados e demanda.

Embora seja um período de muitas incertezas, com as economias brasileira e global em recessão, países em quarentena e cidades paradas por causa da pandemia, a necessidade de abastecimento, especialmente de produtos e serviços essenciais, como medicamentos e alimentos, permanece, demandando um ritmo acelerado no campo e tornando o Agro ainda mais fundamental.

Diga-se de passagem o Agronegócio brasileiro já passou por inúmeras crises ao longo destes anos, mas com ousadia, inovação, tecnologia, determinação, eficiência, gestão de resultados e muita resiliência sempre se sobressaiu e saiu mais forte.

A confirmação disso vem dos números. O Agro representou 21% do PIB brasileiro em 2019 e é provável que seja, novamente, o principal pilar de sustentação da economia nesse período crítico, mantendo empregos, distribuindo renda, alimentando as populações e contribuindo fortemente com o PIB de 2020.

Até o momento, os indicativos foram positivos. Neste primeiro trimestre de 2020, houve aumento no volume de exportações agrícolas em comparação com o mesmo período do ano passado e as principais commodities agrícolas, como soja, milho e café, embora tenham tido queda nos preços internacionais, em função da alta do dólar, não tiveram seus preços reais tão impactados.

Certamente, muitos ainda serão os desafios, mas, neste momento de crise, a maior contribuição que o Agro pode dar é continuar trabalhando para garantir o abastecimento. Isso significa manter (i) os produtores e seus funcionários seguros, permitindo que trabalhem com o menor risco de contaminação possível, (ii) o fornecimento dos suprimentos e insumos necessários para manter a operação rural e, sobretudo, (iii) o sistema logístico funcionando, para transportar os produtos e evitar escassez e preços inflados devido à redução da oferta.

Esperamos viver tempos mais prósperos no pós Covid-19, mas até lá precisaremos gerenciar a crise e, como em toda crise, oportunidades surgirão.

Portanto, é hora de se manter atento para aproveitar esses “gaps”, pois com certeza o mercado terá novas e inusitadas demandas. Novos obstáculos também estarão no caminho, mas, com a capacidade de empreender e superar desafios que os produtores do Agro brasileiro têm e com auxílio da tecnologia, trazendo agilidade na identificação dessas oportunidades, as chances de êxito são grandes.

Por fim, e mais importante de tudo, a capacidade de alimentar o mundo não entrou em colapso. Alimentos e insumos brotam no campo. O Agro segue se consolidando. Até mesmo o álcool 70% tão necessário na higienização para combater a Covid-19 vem do Agro.

A verdade é que o Agro não pára, fazendo jus ao lema: “Agro é tech, Agro é pop, Agro é tudo!”

Fontes: https://www.rdnews.com.br/artigos/covid-19-o-agro-mostra-forca/126559

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